A vida quase comum pode levar todos ao redor –especialmente a própria pessoa – a pensarem que não há nenhum problema com o modo de beber do indivíduo.
A imagem estereotipada de um alcoolista (antigamente era usado o termo alcoólatra) é de uma pessoa improdutiva, sem rumo, com problemas para manter o emprego, em constante conflito com seus relacionamentos românticos e familiares, na sarjeta, por exemplo. Mas alguns dependentes químicos, mesmo bebendo além do considerado “normal” socialmente, podem lidar com várias responsabilidades do cotidiano. Esses casos são denominados alcoolista funcional.
A vizinhança, sua chefia ou um familiar seu pode conviver com o alcoolismo e levar uma vida aparentemente produtiva. Porém, é nesse contexto que a doença se camufla, pois essa vida quase comum pode levar todos ao redor –especialmente a própria pessoa – a pensarem que não há nenhum problema com o modo de beber do indivíduo.
É importante ressaltar que começar a beber com muita frequência ou ir aumentando as doses de bebida pode elevar o risco de a pessoa deixar de ter um padrão de uso recreativo para desenvolver um comportamento que envolve abuso de bebida, com efeitos nocivos e progressivos que vão interferir nos diversos aspectos da vida.
Confira os sinais do alcoolismo funcional
Preferir bebida à comida: a pessoa usa a refeição como motivo para beber ou até troca o alimento pela bebida, fica apenas “beliscando” aperitivos para não parar de beber.
Desviar do assunto: quando confrontado sobre sua maneira de beber, o alcoolista funcional se mostra irritado e nega que abusa da bebida, se justifica dizendo que consegue parar quando quiser.
Ter sempre razões para beber: a maioria dos alcoólicos funcionais tem uma explicação aparentemente racional para seu consumo, como estresse no trabalho, problemas em casa, conflitos em relacionamentos românticos, comemorações em eventos e festas que justificam o beber socialmente, razões comuns para explicar seu comportamento.
Ter alta tolerância ao álcool: como o consumo da bebida é regular, o corpo se acostuma com a presença do álcool. Mesmo alcoolizado, o indivíduo pode não parecer embriagado e adquire alta tolerância à substância, o que o faz beber cada vez mais, sem ter ressaca no dia seguinte.
Não conseguir beber pouco: um alcoolista funcional pode até não beber todos os dias, mas é incapaz de se controlar quando bebe durante o final de semana, por exemplo. Além disso, o final de semana começa a se antecipar para sexta ou quinta-feira.
Mudar de comportamento: a falta da bebida deixa a pessoa irritada e ela pode apresentar ansiedade, sudorese, aumento da frequência cardíaca e tontura. Mesmo não aparentando, ela é dependente do álcool e está passando por uma crise de abstinência.
Acordar sem lembranças: ter períodos de perda de memória ou “apagões” é sinal comum. O alcoolista funcional pode fazer ou dizer coisas de que não vai se lembrar no dia seguinte.
Tornar-se solitário pelo abuso do álcool: muitos alcoólicos funcionais bebem sozinhos e/ou escondem garrafas de bebidas no carro ou em casa. Esconder bebidas é um enorme sinal de alerta e não existe outra explicação que não seja o alcoolismo.
Se você reconhece pelo menos três desses sinais em alguém próximo a você, em um momento tranquilo, em que a pessoa esteja sóbria, converse com ela, tratando-a com respeito e compreensão. É importante não acusar, julgar ou condenar seus hábitos.
Explique que quer ajudá-la e a motive a se recuperar. O alcoolismo funcional ainda é alcoolismo e precisa de tratamento feito por profissionais especializados e grupos de autoajuda.
A Associação de Alcoolismo Feminino existe para ajudar mulheres em sofrimento pelas consequências de seu modo de beber, por meio de um espaço de acolhimento, compaixão e respeito, sem julgamentos nem preconceitos.
Se você precisa de ajuda ou quer contribuir com nosso projeto, entre em contato conosco pelo site: www.associacaoaf.org/queroajuda
Arte da Capa: Aline Sarto
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