A integração da saúde em todas as suas dimensões
- Administrativo AAF Gabriela Pomp
- há 6 dias
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No dia 04 de abril comemorou-se o Dia Mundial da Saúde. Quando falamos de saúde, a tendência é pensarmos primeiramente no aspecto físico e mental. É comum segmentamos nossa saúde em categorias – física, mental, espiritual, relacional, familiar, afetiva e financeira – como se elas fossem compartimentos estanques.
A realidade, contudo, é que esses aspectos estão interligados e se influenciam mutuamente. Uma saúde financeira equilibrada, por exemplo, pode impactar positivamente nossa saúde emocional, física, espiritual, laboral e especialmente as relações interpessoais e familiares.
A importância de uma abordagem integral
Muitas vezes, levamos essa categorização ao extremo, acreditando que é possível priorizar uma área em detrimento de outra.
Essa visão fragmentada pode, por exemplo, nos fazer adiar o cuidado com a saúde financeira, como se ela fosse um luxo, algo para ser considerado apenas “quando tudo estiver bem”, quando eu ganhar mais”, “quando eu já estiver em um estágio mais avançado da minha recuperação”, por exemplo.
Na prática, negligenciar a administração do dinheiro significa deixar de investir em aspectos essenciais da vida, como moradia, alimentação, educação e lazer – necessidades que não esperam por uma melhora financeira para serem atendidas.
No caso da mulher em recuperação, a negligência financeira pode ser a causa e o efeito de uma recaída. Os problemas financeiros podem ser o gatilho ou os efeitos do uso da substância. Por essa razão, privilegiar a saúde financeira significa, além de privilegiar a integralidade da própria saúde, também fazer uso de uma das alças aliadas ao processo de recuperação e, portanto, configura mais um fator de proteção.
Sinais de alerta e consequências de uma saúde financeira prejudicada
A negligência na administração financeira pode se manifestar de várias maneiras, como:
Dificuldade para pagar as contas em dia, atrasando o pagamento de contas mensais, como aluguel, água, luz, gás ou telefone, dentre outras;
Gastos além da receita/salário mensal, ocasionando o uso recorrente de crédito (cartão de crédito, cheque especial e empréstimos, consignados ou não) para as necessidades básicas;
Falta de reserva de emergência, ocasionando endividamento diante de imprevistos, gerando insegurança e ansiedade diárias;
Gastos impulsivos e descontrolados, realizados sem avaliar a compatibilidade entre a despesa e nossos objetivos ou nossas necessidades reais, resultando em um acúmulo de dívidas.
Dificuldade para planejar o futuro e estabelecer metas financeiras, vivendo ao sabor dos acontecimentos, sem realização dos próprios sonhos (às vezes sequer os temos);
Ansiedade e insegurança decorrentes da preocupação constante com o dinheiro, do medo de não conseguir suprir suas necessidades básicas ou de não ter recursos para imprevistos, afetando a saúde mental;
Evitação no contato com o extrato bancário, a fatura do cartão de crédito ou o controle dos gastos;
Falta de investimento em autocuidado, que ocorre quando a escassez financeira impede a realização em cuidados essenciais (como consultas médicas, alimentação saudável ou cursos de desenvolvimento pessoal), evidenciando uma priorização de gastos equivocada.
Essas dificuldades podem gerar um ciclo de endividamento e impactar diretamente nossa saúde mental – causando ansiedade, estresse e até depressão – física, espiritual, relacional, profissional, se tornar fator de risco no processo de recuperação, além de prejudicar a qualidade de nossas relações conosco e com nosso entorno.
Saúde financeira: um pilar de autonomia e qualidade de vida
Cuidar das finanças vai além de simplesmente controlar gastos. Trata-se de garantir autonomia, reduzir o estresse e construir um futuro de acordo com o que realmente valorizamos. Uma vida financeira saudável proporciona:
Autonomia e liberdade de escolha: ao gerenciar nosso dinheiro com sabedoria, conquistamos independência para tomar decisões sem depender financeira e emocionalmente de terceiros;
Segurança e prevenção: uma reserva financeira, por exemplo, não só cobre emergências, mas também traz tranquilidade, permitindo investir em saúde, educação e qualidade de vida;
Realização de sonhos: com o planejamento adequado, é possível transformar objetivos em realidade, seja abrir um negócio, investir em cursos, realizar aquela viagem tão sonhada ou o que desejarmos.
O Papel do Autoconhecimento Financeiro
Vou sempre repetir que a base para uma boa saúde financeira começa com o autoconhecimento. Entender nossos hábitos, emoções e crenças sobre o dinheiro é fundamental para transformar nossa realidade econômica.
Muitas de nós carregamos crenças disfuncionais, como a ideia de que não somos boas com números, que não merecemos, que o dinheiro é fonte de estresse ou que a mulher que pensa ou tem dinheiro é interesseira e gananciosa. Identificar e desafiar essas crenças pode ajudar a criar uma nova mentalidade, que empodera e liberta.
Ao observar como gastamos nosso dinheiro e identificarmos nossos padrões – como o consumo por impulso ou o adiamento de decisões financeiras, ganhamos clareza sobre o que precisa ser ajustado.
E como você faz isso? Iniciando com autoconhecimento e conhecimento sobre educação financeira. Não é rápido, mas não é impossível e os impactos positivos que essas duas iniciativas causam na sua saúde compensam qualquer esforço nesse sentido.
Lembre-se: nossa vida financeira não é um compartimento estanque de nós. Ela é um reflexo do que pensamos, sentimos, nos comportamos e reajimos aos estímulos em nossas vidas. Portanto, não é exagero repetir: priorizá-la é priorizarmo-nos.
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