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Mulheres e a Luta pela Autonomia Financeira

  • 19 de mar.
  • 5 min de leitura


"Alcançar a igualdade de gênero e

empoderar todas as mulheres e meninas".

(ODS 5 - ONU)


O mês de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, é um mês de reflexão sobre nossas conquistas, sobre os desafios que enfrentamos diariamente na busca por igualdade e empoderamento, bem como no que falta para chegarmos lá.  


Dada a relevância da data, é importante lembrar do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5, da Organização das Nações Unidas (ONU), que visa "alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas". 


Ao que me cabe, como educadora financeira me é permitido afirmar que um dos pilares fundamentais dessa luta é a nossa autonomia financeira. Afinal, esta é responsável por nos abrir portas para mais liberdade nas escolhas pessoais e profissionais, nos permitindo exercer maior controle sobre nossas vidas com autonomia, além de contribuir para a transformação de estruturas sociais desiguais.


Desafios Estruturais e o Papel do ODS 5


Apesar dos avanços, barreiras estruturais ainda persistem e dificultam nosso acesso à plena autonomia financeira e aqui coloco apenas alguns:


Desigualdade salarial: segundo o Relatório de Transparência Salarial, divulgado no portal gov.br em 25.03.2024, as mulheres brasileiras ainda ganham 19,4% a menos que os homens. E isso traz um abismo financeiro entre homens e mulheres, dificultando o acúmulo de recursos e a capacidade de investir no futuro.


Dificuldades de inserção e permanência no mercado de trabalho: em razão da gravidez, muitas empresas se recusam a admitir mulheres casadas em idade fértil e mulheres com filhos pequenos, havendo as que demitem aquelas que tiveram seu filho recentemente, logo após o término da estabilidade. Por isso, sem emprego, muitas mulheres continuam dependentes de outras pessoas para sobreviver, deixando-as suscetíveis à violência.


Sobrecarga de responsabilidades: a dupla jornada, que combina trabalho remunerado com as tarefas domésticas e o cuidado familiar, reduz o tempo e a energia disponíveis para o nosso desenvolvimento pessoal, profissional e financeiro.


Sobrecarga de cuidados: socializadas para cuidar, o cuidado dos entes queridos que necessitam(filhos, maridos, pais/mães, sogros/sogras), acabam recaindo sobre nossas costas. Aqui é importante esclarecer que a sobrecarga de cuidado e de responsabilidades domésticas configura, na maioria das vezes, trabalho não remunerado que  nos retira a possibilidade de usar nosso tempo para aumentar nossos recursos, ao contrário do que ocorre com os homens.


Acesso a recursos e oportunidades: por todo o já aqui exposto, muitas mulheres enfrentam dificuldades para acessar crédito, investimentos e oportunidades de empreendedorismo, restringindo seu potencial de crescimento econômico.


Violência de gênero e abusos: Experiências de violência física, emocional ou econômica impactam diretamente a capacidade de nos engajarmos plenamente na vida profissional e financeira, afetando desde a saúde mental até a disponibilidade para buscar oportunidades profissionais.


Se formos colocar uma lupa no nosso dia a dia, vamos perceber que essa lista de desafios estruturais é bem maior, considerando que muitos ainda fogem da nossa consciência, por ainda estarem naturalizados até para nós. O ODS 5 destaca a necessidade de políticas públicas e ações comunitárias (como a que fazemos através da AF) que promovam a igualdade de oportunidades para mulheres e meninas, reforçando a importância de quebrar essas barreiras estruturais para que todas possam alcançar sua independência financeira.

 

Sabemos que as ODS são um apelo global de objetivos para um mundo sustentável e que muitos dos agentes a que se referem são organismos nacionais e internacionais. Porém, existe algo que possamos fazer para nossa vida financeira melhorar? 


A Importância da autonomia financeira no empoderamento feminino


O controle sobre as próprias finanças vai além da simples gestão de recursos. Trata-se de um ato de empoderamento e resistência, pois o acesso à educação financeira promove a capacidade e a segurança para a tomada de decisões econômicas conscientes, o que é essencial para romper ciclos de dependência e enfrentar situações de violência ou abuso.


Quando conquistamos nossa autonomia financeira, ganhamos liberdade para ir, vir e sair de onde nos convém. Além disso, temos recursos para investirmos em nossa educação, saúde e carreira - gerando mais condições financeiras. Como consequência, conseguimos contribuir para a promoção da igualdade de gênero, investindo em projetos que nos trazem satisfação pessoal e profissional e construindo para a construção de uma sociedade mais justa, livre e solidária.


Estratégias para o nosso empoderamento e autonomia financeira


O ponto zero para qualquer estratégia é a priorização da vida financeira! Quantas vezes ouvimos que mulher que se preocupa com dinheiro é mesquinha, interesseira, além de inúmeros outros adjetivos negativos? Mas a realidade é que a mulher que não se ocupa de suas finanças se torna alvo da dependência e de abusos, sem que seja possível se libertar das situações que a violam. 

Além disso, há outras estratégias que podemos adotar:


1 - Investir em educação financeira:


Nossa educação financeira promove a mudança de mentalidade de que precisamos. Falar e nos ocupar do dinheiro é fundamental para que possamos ser autônomas e responsáveis pela nossa mudança.

Como dito acima, usamos nosso tempo para diversas coisas e pessoas. A proposta aqui é cuidar de si através do conhecimento e autoconhecimento financeiros (sim! Educação financeira é autoconhecimento, também).  

Busque cursos, workshops e materiais de aprendizagem sobre finanças pessoais, investimentos, orçamento doméstico e empreendedorismo. Esse conhecimento nos ajuda a identificar oportunidades, administrar riscos e desenvolver um olhar crítico sobre o uso do dinheiro. Assim, você pode tomar decisões mais informadas e alinhadas com seus objetivos.


2. Planejamento e organização financeira


Orçamento mensal: crie um orçamento que contenha todas as despesas essenciais e não essenciais, além dos investimentos. Ter clareza onde seu dinheiro está sendo gasto permite identificar áreas onde é possível economizar, além de outras decisões estratégicas.


  • Definição de metas: utilize metodologias como o método SMART, dentre outras para definir objetivos financeiros claros e alcançáveis. Metas bem definidas ajudam a manter o foco e a acompanhar seu progresso ao longo do tempo.

  • Reserva de emergência: priorize a criação de uma reserva financeira para imprevistos. Isso não só aumenta a segurança, mas também fortalece sua autonomia e reduz a dependência e endividamento.


3. Empreendedorismo e renda extra


  • Explorar seu potencial empreendedor: considere transformar habilidades e paixões em negócios. Empreender pode ser uma maneira poderosa de gerar renda e construir independência financeira.


  • Diversificação de fontes de renda: buscar fontes adicionais de renda, como freelancer, vendas de produtos artesanais ou consultorias, pode proporcionar maior segurança financeira e reduzir a vulnerabilidade a imprevistos.


    4. Redes de apoio


    Buscar e fortalecer redes de apoio pode fazer a diferença por diversas razões. Seja por proporcionar trocas de experiências ou abrir portas para oportunidades de crescimento pessoal e profissional. Para isso você pode participar de associações, como é o caso da AF e buscar atividades em grupos onde seja possível conhecer outras pessoas.


    5. Engajamento e propósito


    Envolver-se em iniciativas coletivas, apoiar causas e cobrar políticas públicas que promovam a igualdade de gênero e a oportunidades de desenvolvimento é fundamental para transformar o cenário estrutural. A união de forças e a mobilização social podem resultar em mudanças significativas para nós e para toda a sociedade.


    Acredito que cada uma dessas providências, por si só, já tenha potência suficiente para alavancar nossas vidas. Contudo, o uso simultâneo de todas, sem dúvida, nos proporcionará não só o empoderamento e a autonomia que tanto necessitamos, mas será capaz de transformar a realidade de inúmeras mulheres que por nós seja tocada.



    REFERÊNCIA: https://www.gov.br/secom/pt-br/assuntos/noticias/2024/03/mulheres-ganham-19-4-a-menos-que-os-homens-revela-1o-relatorio-de-transparencia-salarial#:~:text=Mulheres%20recebem%2019%2C4%25%20a,Salarial%20%E2%80%94%20Secretaria%20de%20Comunica%C3%A7%C3%A3o%20Social 


 
 
 

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