Dia Mundial da Poupança
- Natana Magalhães

- 31 de out.
- 3 min de leitura
Em outubro, mês dedicado à prevenção do câncer de mama e à reflexão sobre a saúde integral da mulher, também celebramos o Dia da Poupança (31/10) uma data que reforça a importância da organização financeira. Neste contexto, destacamos um tema fundamental: a relação entre autonomia econômica, empoderamento feminino e consumo de álcool.
Para falar sobre isso, conversamos com Juliana Caldeira, parceira da Associação
Alcoolismo Feminino (AF) nas imersões voltadas para mulheres em recuperação do Transtorno por Uso de Álcool. Seu trabalho alia educação financeira, fortalecimento da autoestima e apoio em rede, abrindo caminhos de reconstrução e inspirando mulheres a retomarem o controle de suas escolhas e projetos de vida. Juliana é educadora psicofinanceira, advogada e especialista em comportamento financeiro. Fundadora da Financianas, dedica-se a ajudar mulheres a transformarem sua relação com o dinheiro, compreenderem suas finanças e organizarem seus recursos.
“No fim, não é só uma questão de dinheiro: é a própria liberdade que fica comprometida.”
AF - Como você percebe que o consumo problemático de álcool interfere no processo de independência e estabilidade econômica?
Juliana – O consumo problemático de álcool ultrapassa os efeitos do gasto direto com a substância: ele fragiliza a capacidade de organização financeira, a geração de receita, o planejamento do futuro e, sobretudo, o autoconhecimento e o senso de merecimento. Muitas vezes, essa mulher passa a se sentir, em decorrência dos efeitos integrais do uso, incapaz de sonhar e de acreditar que pode realizar.
Outra consequência, também profunda, é a desconexão de si mesma. Uma vida financeira saudável exige clareza sobre seu perfil de consumo, suas necessidades, seus riscos e seus objetivos — e o álcool mina essa lucidez. Ele corrói a autoestima profissional, enfraquece a autonomia e impede que a mulher direcione seus recursos de acordo com seus verdadeiros propósitos. No fim, não é só uma questão de dinheiro: é a própria liberdade que fica comprometida.
AF - Quais estratégias práticas você considera importantes para apoiar a retomada da autonomia financeira após o endividamento ligado ao consumo de álcool?
Juliana – Antes de mais nada a autocompaixão, para entender que, até então, ela usou as ferramentas que tinha disponíveis. Somente assim ela será capaz de olhar de frente para o problema com determinação de resolvê-lo e responsabilizar-se.
A partir de então, o esforço consciente em seu autoconhecimento financeiro e a sua educação financeira, capazes de gerar a mudança de comportamento. Assim ela terá a clareza necessária para a adoção das medidas adotáveis, pois cada dívida exige uma estratégia diferente e todas exigem a modificação na sua relação com o dinheiro.
“O objetivo final é o mesmo: mais clareza de si, mais autonomia e a possibilidade de viver de acordo com SEUS sonhos e valores.”
AF - De que forma você conecta a educação financeira com a conscientização sobre os riscos do consumo de álcool? Juliana – Quando falamos de finanças, falamos de comportamento. Afinal, é preciso de uma mulher que receba, use e poupe o dinheiro. Observá-lo é também observar a si, suas emoções, gatilhos e escolhas.
Ao ampliar a consciência financeira, a mulher aprende a enxergar não só para onde vai seu dinheiro, mas também como os seus hábitos — inclusive o de beber — podem sustentar ou corroer sua liberdade. O objetivo final é o mesmo: mais clareza de si, mais autonomia e a possibilidade de viver de acordo com SEUS sonhos e valores.




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