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Como o diagnóstico tardio de autismo contribuiu para o meu alcoolismo

Atualizado: há 3 dias




Neste dia 2 de abril, é o dia mundial sobre a conscientização sobre o autismo, e a maioria das postagens que se veem por aí são sobre capacitismo, uma das barreiras que precisamos superar, a imersão no mercado de trabalho (que mesmo existindo a Lei 13.146 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência) ainda é um problema. Também se fala muito sobre crianças autistas e escola (o que é em demasia importante) mas ainda falamos pouco sobre jovens e adultos autistas e, por assim dizer, neurodivergentes.

 

Basicamente, antes de escrever esse artigo eu fiz um texto GIGANTE de toda a minha introdução ao álcool. Eu não bebia no ensino médio, sou autista, tenho TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) e óbvio uma ansiedade social extrema além de muitas e muitas hipersensibilidades. Meu autismo é nível 2 de suporte. Eu sei falar, e até falo bem, mas… socializar, quando jovem… Não era bem “a minha praia”, de modo tal que eu nem tinha interesses românticos.

 

Já na faculdade, eu conheci pessoas muito mais velhas que eu e pela primeira vez me senti na necessidade de “crescer”, em outras palavras, perder a virgindade, me relacionar romanticamente e essas coisas em que eu não via muito sentido. Eu não sabia que era autista, diagnóstico tardio. Mas eu não conseguia descontrair, meus músculos a cada interação eram tensos e alguém me ofereceu o primeiro copo e percebi que meus músculos relaxaram. E assim iniciei no álcool até chegar à dependência. O álcool também me relaxava quando estava frustrada e amenizava as crises, mas quando dei por mim, minha vida e o álcool eram uma só.


Eu tocava violino antes do álcool consumir minha vida. Agora tenho outro, mas está difícil voltar como antes. Afinal, o álcool deixou marcas em mim que são difíceis de apagar. Era minha paixão, meu momento, minha reza e meu amor. Hoje é como um pesar, um amor perdido, que o álcool me tirou por pura e espontânea pressão social. Nesta época, eu não era alcoolista.

 

Segundo o Instituto Inclusão Brasil:

 

“O uso de substâncias que alteram a mente pode proporcionar uma sensação de proteção, “anestesiando” a pessoa contra os efeitos de traumas passados, como sofrer bullying ou ser vítima de abuso emocional, físico, financeiro ou sexual. Estar em uma “bolha” emocionalmente segura cria uma sensação de distanciamento emocional. Um viciado autista descreveu a automedicação como uma fuga da dor e um alívio genuíno.”

 

Eu estava em minha “bolha de proteção momentânea”, pelo bullying e traumas, das dores que adquiri por não entender os jogos dos relacionamentos amorosos. Por ter

me tido como uma criança que se resolvia e logo adultizada desde muito jovem com

diversas tarefas.

 

O álcool foi meu companheiro. Um certo momento disse: “pelo menos dele eu sei exatamente o que esperar”. me referindo às frustrações amorosas que tinha por não compreender os jogos sociais... Eu não poderia estar mais enganada. Eu sou autista e alcoolista. O álcool foi meu parceiro mais abusivo e me fez perder tudo o que eu mais amava fazer e minha vontade de viver.



 

Fontes: 

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