Muitas vezes, o álcool é usado para enfrentar a timidez, a dificuldade de se relacionar ou para evitar sofrimento, desconforto. Por isso, no início da recuperação, muitas pessoas têm a tendência de se isolarem. É importante buscar a socialização e a habilidade de ouvir pode facilitar esse processo. O objetivo da escuta é desenvolver habilidades para lidar com esses sentimentos e situações sem a presença do álcool.
É necessário estarmos atentas a nós mesmas para identificar os momentos ou hábitos de maior risco. Muitas vezes a nossa compreensão passa pelas nossas crenças e podemos acabar selecionando o que ouvimos, ignorando uma parte e intensificando outra, porque essas crenças distorcem nossos pensamentos, sentimentos e ações. Quando conhecemos nossas crenças podemos identificar quando elas estão atuando e limpar a nossa compreensão para podermos elaborar estratégias para evitá-las ou para lidar com elas de uma maneira que consigamos evitar a recaída.
Quando sabemos ouvir:
Temos a possibilidade de conhecer o outro, pois ele se sentirá mais seguro para falar.
Temos a oportunidade de solucionar diferenças, compreendendo e respeitando o ponto de vista do outro e o fato de que não precisamos pensar da mesma maneira, mas podemos encontrar uma solução que atenda a mim e ao outro.
Promovemos a aproximação das pessoas, entre elas, os familiares.
Desenvolvemos novas amizades e estreitamos relacionamentos.
Podemos ensinar ao outro a ouvir através do nosso exemplo.
Demonstramos interesse e compreensão através da empatia.
Ouvir com atenção e interesse, sem julgamento, com empatia e buscando compreender o que o outro está falando não é fácil mas temos algumas orientações para melhorar essa habilidade:
Use linguagem corporal que demonstre interesse, como: manter contato visual, inclinar o corpo ligeiramente para frente, tocar na outra pessoa, balançar a cabeça (atenção aos costumes culturais para não ofender a outra pessoa com um gesto que possa ser interpretado como fora dos limites).
Evite linguagem corporal que sinaliza desinteresse, como bocejar, balançar as pernas, ficar olhando para o celular, para o relógio ou outro lugar.
Atente-se para a linguagem não verbal do outro. Perceba se o tom de voz, os gestos, o comportamento corporal estão de acordo com o que está sendo falado.
Faça perguntas que incentivem a pessoa continuar a falar. Procure fazer perguntas abertas e evite perguntas fechadas.
Faça um comentário breve sobre o que está sendo comunicado (exemplo: estou percebendo que você está chateado, me fale mais).
Responda de forma empática, compartilhando sentimentos e acontecimentos semelhantes, mas sem interromper ou mudar o foco para si.
Valorize a experiência e os sentimentos que estão sendo compartilhados. Não diminua ou trate como sem importância. Não desqualifique os sentimentos de quem está falando.
Espere o momento oportuno para se pronunciar. Deixe o outro concluir sua linha de raciocínio.
Considere as dificuldades do outro, como a timidez, a ansiedade.
Comunique caso tenha alguma dificuldade em manter a atenção, para que não seja interpretada como desinteresse. Se tiver se distraído por algum momento, peça para repetir.
Considere a possibilidade de dizer, caso esteja num momento delicado, que você não está em condições de ouvir com a atenção que gostaria e procure passar para outra ocasião.
Exercícios:
Procure lembrar de uma conversa recente e responda:
Que sentimentos a pessoa tentou expressar de forma verbal?
Quais os comportamentos corporais da pessoa?
Quais sentimentos ela demonstrou na linguagem corporal?
Como você demonstrou estar interessada na conversa?
Pergunte sobre um evento recreativo ou reunião agradável que uma amiga tenha ido recentemente e depois responda:
De que maneiras você demonstrou interesse? Fazendo perguntas ou parafraseando o que foi dito?
De que maneiras você compartilhou experiências ou sentimentos semelhantes?
Que linguagem corporal você usou para demonstrar que estava ouvindo?
Pratique esses exercícios várias vezes! Vamos lá!
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Todas as atividades do nosso Baralho da Recuperação, divulgadas do dia 16 a 31 de dezembro, foram propostas durante o ano, em nosso grupo terapêutico de prevenção de recaídas, pela psicóloga e vice-presidente da nossa Associação, Cláudia Leiria (@psiclaudialeiria)
Referências Bibliográficas - São ótimas dicas de leitura e para presentear também!
Tratando a dependência de álcool - um guia de treinamento das habilidades de enfrentamento - 2ª edição. Autores: Peter M. Monti, Ronald M. Kadden, Damaris J. Rohsenow, Ned L. Cooney e David B. Abrams. Editora: Roca.
Conhecer-se é amar a si próprio - exercícios para desenvolver a autoconsciência e para realizar mudanças positivas e encorajadoras. Autores: Lynn Lott, Marilyn Matulich Kentz e Dru West. Editora: Manole.
Caderno de exercícios para cuidar de si mesmo - 3ª edição. Autora: Anne Van Stappen. Editora: Vozes.
Caderno de exercícios de inteligência emocional - 2ª edição. Autor: llios Kotsou. Editora: Vozes.
Caderno de exercícios para viver sua raiva de forma positiva. Autor: Yves-Alexandre Thalmann. Editora: Vozes.
Dinâmicas de grupo e atividades clínicas aplicadas ao uso de substâncias psicoativas. Organizadoras: Neliana Buzi Figlie e Roberta Payá. Editora: Roca.
Tratamento do uso de substâncias químicas - Manual prático de intervenções e técnicas terapêuticas. Organizadores: Ronaldo Laranjeira, Helena M. Takeyama Sakiyama e Maria de Fátima Rato Padin. Editora: Artmed.
Programa Terapêutico para o tratamento da dependência química. Autora: Luana Gama Wanderley Leite. Editora: Edições Loyola.
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A Associação Alcoolismo Feminino existe para ajudar mulheres em sofrimento pelas consequências de seu modo de beber, por meio de um espaço de acolhimento, compaixão e respeito, sem julgamentos nem preconceitos.
Se você precisa de ajuda, entre em contato conosco pelo site: ww.associacaoaf.org/queroajuda
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