Tema XIII: Como receber críticas de forma assertiva
- 30 de dez. de 2022
- 5 min de leitura
Na crítica temos a oportunidade de nos conhecermos, melhorarmos e aprimorarmos o nosso comportamento. Nem sempre é fácil receber uma crítica, até porque muitas vezes ela não é feita de forma assertiva mas, como não temos controle sobre o(a) outro(a), é importante que aprendamos a receber e a responder as críticas, independente de como elas sejam feitas, de forma assertiva.

No período em que estivemos ativas no alcoolismo as pessoas da nossa convivência (familiares e amigos(as)) também adoeceram. No entanto, na maioria das vezes, eles demoram mais em reconhecer o próprio adoecimento. Pode acontecer de nós estarmos em tratamento e eles não. Ao nos educarmos, nossas mudanças podem inspirar e contribuir na recuperação deles também, ajudar a recuperar as relações de confiança e consequentemente melhorar a convivência.
Existem 2 tipos básicos de crítica:
- CONSTRUTIVA ou ASSERTIVA: é dirigida ao comportamento e/ou ao fato, e não à pessoa. A pessoa fala daquilo que sentiu ou das consequências de determinado comportamento do outro(a) e pede alguma ação, alguma mudança. 
- DESTRUTIVA ou AGRESSIVA: aqui a intenção é a de magoar, ofender ou provocar uma briga. A pessoa foca na outra pessoa, usa palavras como NUNCA ou SEMPRE, ofende e faz acusações sobre coisas infundadas ou focadas no passado. 
E existem 4 estilos básicos de resposta:
- PASSIVA: a pessoa “engole sapo” por achar que não tem direito, que vai ser rejeitada ou abandonada se gerar um conflito. 
- AGRESSIVA: a pessoa acha que só ela tem direito, que só ela pode falar, e o faz de forma agressiva, seja em atitudes ou mesmo na forma de se expressar. 
- PASSIVA AGRESSIVA: a pessoa responde com dupla mensagem (concorda, mas sai batendo porta, por exemplo), não fala com clareza, usa de sarcasmo, piadinhas e outras formas de agressão indireta. 
- ASSERTIVA: a pessoa sabe que tem direitos e fala com clareza e tranquilidade. A assertividade consiste, inclusive, em saber o momento de calar ou falar com mais ênfase, mas de forma consciente. 
Precisamos aprender a receber críticas para:
- Evitar brigas e discussões. 
- Tentar entender a informação construtiva na crítica. 
- Ajudar a outra pessoa a comunicar-se de forma mais assertiva também. 
EXEMPLO:
Você está em abstinência, mas chega em casa atrasada, sem avisar e com o celular descarregado. A pessoa poderia te receber e criticar de forma construtiva, mas o mais provável é que não seja assim, porque ela também está adoecida e tem uma tendência a associar todo nosso comportamento que fuja do esperado à bebida, seja porque leva algum tempo para as pessoas baixarem a guarda e voltarem a confiar, seja porque se preocupam e não sabem expressar essa preocupação de forma assertiva. No entanto, lembremos que não temos poder sobre o outro, somente sobre nós e que, respondendo de forma assertiva, podemos contribuir de forma assertiva para melhorar essa relação.
CRÍTICA CONSTRUTIVA OU ASSERTIVA:
Como você estava atrasada e não consegui contato, fiquei preocupado(a) porque não sabia o que pensar. Gostaria que você mantivesse o celular ligado e avisasse quando precisasse chegar mais tarde, assim ficarei mais tranquilo(a).
CRÍTICA DESTRUTIVA OU AGRESSIVA (mais comum no início da recuperação):
Por que não ligou? Desligou o celular pra eu não conseguir te encontrar e poder beber? Você não muda, você é irresponsável, dissimulada!
Devemos ter em mente que independente da forma que seja a crítica nós precisamos aprender a receber e responder, sem brigar ou engolir, porque como sabemos o alcoolismo é a doença das emoções e, tanto brigar quanto engolir é um grande gatilho para beber.
RECEBER A CRÍTICA DE FORMA ASSERTIVA
Seguem orientações para receber uma crítica de forma assertiva:
- Não ficar na defensiva. 
- Não discutir. 
- Não contra-atacar. 
- Procurar identificar qual a preocupação, o sentimento que a pessoa está querendo expressar. 
- Se necessário, perguntar de forma clara e sincera o que realmente o(a) está incomodando, para que você possa compreendê-lo(a), como por exemplo: “Por que você fica tão chateado(a) com o tempo que participo das reuniões, o que te preocupa? O que você gostaria que eu fizesse?” 
- Procure identificar o que tem de verdade na crítica e concorde com o que faz sentido pra você, reformulando o diálogo. Por exemplo, você chegou tarde e a pessoa te acusou de ter bebido mesmo sem ter acontecido, você pode responder: “Realmente cheguei tarde e entendo que você tenha ficado preocupado(a) porque quando eu bebia eu chegava tarde ou nem chegava, mas hoje eu me atrasei por causa………………………………..e não consegui avisar por causa………………………………………..” 
- Proponha ou combine uma mudança de comportamento com a qual você consiga se comprometer (estabelecer compromisso) de forma a trazer mais tranquilidade e confiança para a relação como, por exemplo: “Quando eu precisar me atrasar vou te avisar e ficarei mais atenta com a bateria do celular.” 
EXERCÍCIOS:
- Imagine a seguinte situação: Você está em sobriedade há cerca de 3 meses, chega em casa atrasada, após um longo dia de trabalho e mesmo não tendo bebido nada, está com os olhos vermelhos, deprimida e irritada. A pessoa te recebe, cheira a tua boca e dispara: “Você bebeu novamente, né?” 
Analise e escreva opções de como você poderia responder de forma assertiva.
- Lembre de uma crítica que recebeu e responda: 
- Qual foi a situação? 
- Qual foi a crítica? Como foi? 
- Como se sentiu? 
- Como reagiu? 
- Qual foi o estilo da sua resposta? 
- Você consegue identificar qual era a real preocupação e/ou intenção da crítica? 
- Como você poderia ter sido assertiva? 
- Qual o compromisso que você poderia ter proposto/assumido? 
Repita esse exercício quantas vezes achar necessário, ok?
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Todas as atividades do nosso Baralho da Recuperação, divulgadas do dia 16 a 31 de dezembro, foram propostas durante o ano, em nosso grupo terapêutico de prevenção de recaídas, pela psicóloga e vice-presidente da nossa Associação, Cláudia Leiria (@psiclaudialeiria)
Referências Bibliográficas - São ótimas dicas de leitura e para presentear também!
- Tratando a dependência de álcool - um guia de treinamento das habilidades de enfrentamento - 2ª edição. Autores: Peter M. Monti, Ronald M. Kadden, Damaris J. Rohsenow, Ned L. Cooney e David B. Abrams. Editora: Roca. 
- Conhecer-se é amar a si próprio - exercícios para desenvolver a autoconsciência e para realizar mudanças positivas e encorajadoras. Autores: Lynn Lott, Marilyn Matulich Kentz e Dru West. Editora: Manole. 
- Caderno de exercícios para cuidar de si mesmo - 3ª edição. Autora: Anne Van Stappen. Editora: Vozes. 
- Caderno de exercícios de inteligência emocional - 2ª edição. Autor: llios Kotsou. Editora: Vozes. 
- Caderno de exercícios para viver sua raiva de forma positiva. Autor: Yves-Alexandre Thalmann. Editora: Vozes. 
- Dinâmicas de grupo e atividades clínicas aplicadas ao uso de substâncias psicoativas. Organizadoras: Neliana Buzi Figlie e Roberta Payá. Editora: Roca. 
- Tratamento do uso de substâncias químicas - Manual prático de intervenções e técnicas terapêuticas. Organizadores: Ronaldo Laranjeira, Helena M. Takeyama Sakiyama e Maria de Fátima Rato Padin. Editora: Artmed. 
- Programa Terapêutico para o tratamento da dependência química. Autora: Luana Gama Wanderley Leite. Editora: Edições Loyola. 
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A Associação Alcoolismo Feminino existe para ajudar mulheres em sofrimento pelas consequências de seu modo de beber, por meio de um espaço de acolhimento, compaixão e respeito, sem julgamentos nem preconceitos.
Se você precisa de ajuda, entre em contato conosco pelo site: ww.associacaoaf.org/queroajuda
 
    
    
    



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